A Norma de Desempenho 15575 tem sido um verdadeiro divisor de águas para o mercado de construção civil. Por meio da nova regulamentação, que entrou em vigor no ano de 2013, o segmento como um todo tem se aperfeiçoado para atender as novas exigências, incluindo os arquitetos. As normas foram criadas por especialistas da construção civil junto a profissionais e entidades de classes ligadas ao setor após longas discussões.
Por que se criou uma nova regra? É sempre bom lembrar: o principal objetivo com os novos padrões de construção é garantir mais conforto, qualidade e segurança das obras e edificações residenciais realizadas no Brasil. Para tanto, define um nível mínimo de desempenho de uma construção, a fim de elevar o padrão de excelência dos imóveis.
Na visão de Fabio Villas Bôas, engenheiro e coordenador da Comissão de Estudos de Revisão da ABNT NBR 15575, o mercado tem evoluído com a determinação. Segundo ele, houve uma evolução considerável se comparado com tempos nos quais não havia uma norma vigente. Vilas Bôas cita o exemplo dos fornecedores de materiais de construção, que têm trabalho no sentido de estruturar melhor os produtos.
Ajustes no campo da arquitetura
A adequação da norma impactou a área da arquitetura, que precisou se ajustar à nova demanda. Agora, os projetos desenvolvidos pelos arquitetos necessitam informar os níveis de desempenho, hoje classificados em três status: mínimo, intermediário e superior.
Outro ponto importante é contar com indicações no que diz respeito à vida útil da obra, bem como uma previsão das manutenções básicas, considerando as periodicidades das intervenções.
Além disso, vale destacar a orientação ao consumidor a respeito do sol, áreas de abertura, sombreamento nas janelas dos quartos, entre outros pontos que deixem claro ao cliente exatamente o que se está comprando.
Em linhas gerais, o documento que estabelece a Normas de Desempenho 15575 aponta para seis itens que integram uma edificação. São eles: requisitos gerais, estrutura, sistemas de pisos, vedações verticais, coberturas e sistemas hidrossanitários.
A norma de desempenho e a satisfação do cliente
As chamadas exigências de habitabilidade são as que buscam garantir a satisfação do cliente durante o período que se mora no local. Aqui, são sete itens que estão presentes no dia a dia das pessoas: estanqueidade da água; desempenho térmico; desempenho acústico; desempenho lumínico; saúde, higiene e qualidade do ar; funcionalidade e acessibilidade; e conforto tátil e antropodinâmico.
Sendo assim, muitos arquitetos de obras residenciais têm recorrido aos jardins verticais para cumprir a norma e proporcionar o conforto que o cliente espera para sua residência. Por exemplo, as paredes verdes se encaixam muito bem nos itens conforto térmico e desempenho acústico.
Na parte térmica, que colabora para a redução de energia e influencia diretamente na qualidade do sono, o arquiteto precisa entender as características do local da obra, como topografia, direção do vento, umidade, temperatura ambiente etc. E o jardim vertical natural pode atuar e interferir positivamente no conforto térmico.
Isso porque as plantas têm a capacidade de resfriar edifícios de forma natural, minimizar os efeitos do vento, ao ser utilizado como uma barreira protetora, e auxiliar na qualidade do ar para os que estão no entorno.
E quando se fala na questão acústica, o jardim vertical pode reduzir a incidência de barulhos externos, como de veículos, as atividades das áreas comuns das edificações, e até mesmo entre vizinhos, principalmente no caso de prédios. As plantas proporcionam uma barreira acústica que faz toda a diferença na harmonia do ambiente e, claro, no conforto das pessoas próximas.
Aplicando a Norma NBR 15575 na arquitetura
Você deve estar pensando: como verificar se todos esses indicadores e critérios estão sendo cumpridos? Como garantir se a edificação proporciona a melhor usabilidade possível para os usuários?
Existem diversos testes que visam garantir que a norma foi devidamente cumprida. Para garantir o isolamento acústico, por exemplo, são realizados ensaios em laboratórios.
Já as esquadrias devem ser testadas dentro do sistema de vedação vertical, para requisitos como estanqueidade e outros.
No âmbito da estanqueidade, deve-se ainda certificar que a edificação seja estanque às fontes externas de iluminação, provenientes de água de chuva, umidade do solo e do lençol freático. Os pisos e áreas molhadas, como banheiros e áreas descobertas, não podem permitir o surgimento de umidade.
No caso de lajes, é necessário colocar uma lâmina d’água, durante certo tempo, em que não pode haver infiltrações e outros problemas.
Portanto, pode-se afirmar que todos os indicadores preconizados contemplam quais os testes que devem ser realizados em cada parte da edificação. Sendo assim, a sua aplicação torna-se simples e efetiva para arquitetos e demais profissionais da construção civil.
A Norma de Desempenho é válida em todo País
As normas técnicas são sempre nacionais, e como a ABNT NBR 15575 está muito associada às condições do entorno da edificação, houve um cuidado grande para se atingir o ponto de equilíbrio em um país continental como o Brasil, com grandes diferenças climáticas. “Uma mesma parede de alvenaria que pode ser confortável na região sul, talvez não seja adequada para o nordeste, por esquentar demais o ambiente”, menciona o engenheiro. “As questões mínimas para atender o bem-estar do usuário foram pensadas a partir de estudos realizados pela área da saúde, como o nível de ruído adequado para se ter uma boa noite de sono. Essas análises geraram uma série de parâmetros que foram transformados em requisitos a serem alcançados pelas construções”, completa.