A natureza é parte da essência humana. É impossível dissociar a ideia do verde e do meio ambiente a homens e mulheres que vivem neste planeta. Afinal, é desta terra que colhemos o alimento que nutre nosso corpo e alma, e vem a água que limpa e purifica nosso ser.
Esses são apenas alguns exemplos que ilustram nossa íntima ligação com o verde.
Algumas pessoas percebem mais do que outras essa dependência humana da natureza. Mas o fato é que todos nós, sem exceção, precisamos desse contato mais próximo com o verde. É algo inerente aos seres humanos. Visite um parque e observe os efeitos que os sons dos animais, a vista de árvores e plantas, o contato com a água e ar mais puro causam em nós. É impressionante! Se você ainda não fez esse exercício, recomendo que faça. A natureza nos atinge tanto no aspecto físico quanto emocional. Para o bem, é claro.
O estilo de vida dos grandes centros urbanos, porém, nos afastou de alguma forma do contato com a natureza. Os espaços menores, a grande concentração de pessoas e o tom predominantemente cinza das cidades têm interferido na relação homem-meio ambiente. E foi a partir desse fenômeno que surgiu o conceito de arquitetura biofílica.
Nunca é demais lembrar: bio significa natureza e filia ser humano. Portanto, a biofilia tem o objetivo de trazer a natureza para o ambiente da arquitetura. A biofilia é um caminho sem volta, veio para ficar. Porque o ser humano precisa da natureza.
Biofilia: um novo olhar sobre a sustentabilidade
Trata-se de um novo modo de pensar a sustentabilidade. Por muitos anos, é bom que se diga, as empresas investiram pesado nessa ideia, seja como uma das vertentes de sua missão, e/ou como posicionamento de marketing diante do mercado. Só que não se pode falar em sustentabilidade, hoje em dia, sem levar em conta o bem-estar das pessoas e os lucros. Sim, porque as empresas saudáveis necessitam de estabilidade financeira. E não há nada de errado nessa visão.
É preciso entender como a sustentabilidade afeta as pessoas, sem se esquecer em como vai refletir em lucros. Essa é a nova tônica que tem permeado o mercado quando se fala de responsabilidade social e ambiental.
Bancos, restaurantes, hospitais, hotéis e escritórios têm investido na arquitetura biofílica. E o varejo? Tem, gradualmente, despertado para a essa nova realidade. Não à toa.
A compra é algo emocional, e está ligada à experiência do consumidor, que vai muito além do ato propriamente dito de comprar.
A jornada começa antes e termina muito depois do pagamento. E a arquitetura biofílica tem um papel importantíssimo nesse processo, porque mexe com a emoção do consumidor: antes, durante e até mesmo depois.
Quer um exemplo? 70% das datas notas dadas a restaurante passam obrigatoriamente por dois fatores: atendimento e ambiente. Ou seja, tem a ver com a experiência, não se limita ao produto em si. As pessoas compram o produto, mas valorizam demais toda a experiência que envolve o processo de aquisição. E a natureza, o verde e bem estar, é parte fundamental.
Adaptação, sensação e ciência
A grande vantagem da natureza no contexto da arquitetura é seu alto poder de adaptação. O verde pode ser aplicado em vários tipos de cenários. Vai bem em ambientes minimalistas e rústicos porque não se trata de uma cor quente ou fria. E não conflita com o visual da marca.
Além disso, o verde é o único elemento da arquitetura biofílica que trabalha os cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato. Mexe com o ser humano de forma integral. Logo, mostra-se uma ferramenta de marketing extraordinária.
A arquitetura biofílica está em franca expansão e vinculada ao conceito global de varejo, porque está alinhado à funcionalidade, à estética e ao orçamento dos empreendimentos. Um bom projeto, é bom lembrar, apresenta equilíbrio em três pontos: pessoas, sustentabilidade e lucro.
Está cada dia mais evidente que os ambientes cinzas e monocromáticos podem levar o consumidor ao tédio. E essa sensação em hipótese alguma combina com os centros de compras. Assim, a arquitetura biofílica pode exercer uma função preponderante, uma vez que a presença de elementos naturais no ambiente de compra inibe o tédio, e incentiva o cliente a gastar mais tempo e, consequentemente, mais dinheiro nos estabelecimentos. Aliás, quando bem selecionadas, as vegetações e suas representações diretas e indiretas, podem estimular o consumo dos clientes.
Empresas como Apple exploram a biofilia em seu conceito arquitetônico e geram conexão com seus consumidores e experiência singular em suas lojas.
O verde também tem a capacidade de proporcionar um momento de paz e tranquilidade aos consumidores, isto é, melhora o bem-estar individual e o ambiente social a sua volta. Os clientes percebem e valorizam a presença de vegetação. E, mais do que perceber, eles se identificam, se sentem bem e notam o clima restaurador presente no espaço. É terapêutico.
Em termos físicos, a biofilia diminui a pressão arterial e batimentos cardíacos, reduz a tensão muscular e níveis de hormônios do estresse. Além disso, melhora o foco mental, a criatividade e ajuda a lidar melhor com a resolução de problemas. As pessoas que transitam nesses ambientes biofílicos estão menos suscetíveis à depressão, ao estresse e à raiva.
Para além dos campo das sensações, publicações científicas estão analisando a influência da natureza nos ambientes varejistas. Um exemplo é o estudo “Uma dose de natureza e compras: O potencial restaurador dos projetos de centros de estilo de vida biofílicos”. O estudo traz uma análise da contribuição da biofilia dentro dos centros de compras no comportamento dos consumidores.
O material oferece algumas constatações interessantes. Entre elas, a que os consumidores sentem o potencial restaurador de um centro varejista com elementos naturais e percebem esse elementos, tais como vegetação e fontes, enquanto percorrem os espaços decorados com o verde.
Além disso, a pesquisa mostra que os consumidores têm maior probabilidade a pagar o preço cheio de um item ao sentir o potencial restaurador do ambiente (veja a pesquisa na integra aqui). Ou seja, a biofilia gera mais valor não apenas em sensações, como também interfere positivamente no consumo das pessoas. Ótima notícias, não é mesmo?
Redução de custos no paisagismo de centros comerciais
Existem dezenas de jardineiros ou paisagistas talentosos e competentes espalhados pelo Brasil. Isso é um fato. Mas, qual é o comprometimento desses profissionais quando o assunto envolvido é a redução de custos da empresa sem abrir mão da qualidade?
Convenhamos, nem todo profissional autônomo está disposto a refletir sobre as melhores práticas para o seu cliente ou mesmo questões de compliance. Por essa razão, vale a pena contratar um parceiro que tenha à disposição um time forte, dedicado, formado por arquitetos, botânicos, engenheiros agrônomos, paisagistas, floristas, técnicos em SSMA, designers entre outros profissionais.
Porque um saudável projeto de paisagismo consiste em escolher bem o tipo de vegetação e colocá-la no lugar adequado. A isso chamamos gestão estratégica do verde, quando tudo está em seu devido lugar utilizando-se do mix de vegetações naturais, tecidos, musgos e arranjos, dentro do orçamento programado e com os resultados que se projetou. Para tanto, não se pode abrir mão da tecnologia associada a mão de obra qualificada. Esse é o caminho da tão esperada redução de custos promovida pela biofilia no varejo.
Outro ponto relevante que tem a ver com valor é que o verde também ajuda a valorizar as edificações ambientalmente responsáveis. É o que dizem estudos realizados pela Universidade de Harvard e pela Fundação Getúlio Vargas.
De acordo com as pesquisas, os edifícios LEED, ou seja, que contam a certificação do U.S. Green Building Council, importante programa mundial para o projeto, construção, manutenção e operação de edifícios verdes, possuem valor maior no aluguel em comparação com os não certificados. Os prédios verdes valem R$ 136,5 o metro quadrado, contra R$ 98,4 das edificações não certificadas. Além disso, vale citar a vacância, que fica, em média, 8% menor frente às construções sem o selo verde. Sim, o verde gera valor para empreendimentos comerciais!
Estudo de Caso: Biofilia em Centros Comerciais
Em um mercado onde orçamentos são quase ilimitados e extravagâncias fazem parte do gosto comum, pode ser difícil encontrar um diferencial competitivo, especialmente quando o empreendimento não tem área suficiente para ser considerado o maior da região. Em muitos casos, a aplicação da estratégia “quanto maior, melhor” não é viável. Veja no vídeo abaixo o Case do 360 Mall, um empreendimento do Kwuait que apostou e teve seu sucesso na experiência do consumidor por meio da biofilia.